dos 3 aos 5: eu não fui

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dos 3 aos 5, Kalandraka

Este livro apareceu-nos cá em casa. Alguém sabe quem foi???

Pois foi o Pequeno Leitor que trouxe da Biblioteca da escola, numa iniciativa da Professora, que todas as sextas acompanha os seus patinhos a escolher um livro e encoraja-os a levar para casa para o partilharem com os pais. E ainda vem numa mochilinha vermelha, com alças de corda, tão fofa que dá vontade de “ups, perdeu-se.”  Mas não, olhamos ao exemplo que educa mais do que a instrução. 😉

A ilustração é diferente do tudo o que nos apareceu cá em casa, misturando traço com colagem de vários tipos de materiais. Intrigou, olhámos pitosgas e muito concentrados até percebermos que afinal o nariz da protagonista era uma lasca de pau.

Ora, este pequenito de 32 páginas inscreve-se na mesma tradição narrativa de alguns livros que já fomos partilhando aqui. “A toupeira que queria saber quem lhe fizera aquilo na cabeça“, “Era uma vez um cão” e “A que sabe a lua” são bons exemplos. E porquê? Porque encaixa naquele tipo de narrativa do “macaco de rabo cortado”, em que um conjunto de personagens é chamada a intervir, numa longa cadeia de causa-consequência.

Aqui, uma menina de nariz muito comprido e um olhar zangado, está prestes a recolher o leite da vaquinha lá de casa. Mas incomoda-se muito quando vê uma aranha que depressa tenta eliminar. No meio desta reprimenda animal, contudo, a vaca dá-lhe um coice, sem motivo aparente. E é assim que até ao final do livro, vamos seguindo o trilho até chegarmos à personagem que originou aquela reação da vaca: o mosquito que picou o gato que arranhou o cão que mordeu o porco que assustou o burro que deu um coice à vaca que finalmente chutou a menina.

Nesta longa cadeia de sustos e pontapés, a verdade é que só duas criaturas mostram alguma racionalidade mais forte que o instinto: a menina que vai logo apurar o que se passou e o mosquito que parece muito satisfeito com a confusão que criou. Dizem os cientistas que em caso de cataclismo os insetos sobreviverão sempre, por isso, diríamos que ele é que a sabe toda. Mas esta é uma interpretação “muito à frente”.

Ao Pequeno Leitor inspirou alguma inveja da astúcia do mosquitinho. Ora se ele se safou, porque não tentar o mesmo? E assim reservou-nos um fim de semana de pequenos “acidentes” e vários “eu não fui”. Não escaparam copos partidos nem bonecos que ficaram de castigo a tarde toda. Obrigada, professora Isabel!

Mais, aqui.

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